O termo agilidade, ou metodologias ágeis, vem sendo adotado pelas mais diversas empresas dos mais diferentes segmentos. Mas o que seria ser ágil?
Existem diversas definições, mas a que mais gosto é essa: filosofia de trabalho na qual times auto-organizados avançam a um ritmo acelerado na busca de inovações.
Em um mundo com mudanças constantes, saber mudar de forma rápida para aproveitar as oportunidades ou se defender dos concorrentes é fundamental.
Empresas tradicionais, normalmente muito hierárquicas e burocráticas, precisam se tornar mais inovadoras perante essas mudanças rápidas que o mundo vem sofrendo.
Mas nessa busca frenética para ser ágil, várias dessas empresas vêm perdendo performance e valor porque, quando utilizado da forma errada, o ágil quase sempre produz resultados ruins, gerando clientes nervosos, funcionários insatisfeitos, revoltas entre investidores e uma campanha para trocar a liderança.
Inicialmente, é importante dizer que a burocracia, hoje vista como a inimiga da mudança e da inovação, foi uma das grandes inovações da história da administração de negócios.
Autoridade hierárquica, divisões especializadas do trabalho e procedimentos operacionais padronizados permitiram o surgimento de empresas muito maiores do que antes.
Atualmente, entendemos as limitações da burocracia. Esta é eficiente quando as tarefas da organização – “o que fazer” e “como fazer” – são claras, estáveis e previsíveis. O que está longe de acontecer no mundo de hoje.
Toda empresa precisa melhorar a eficiência do negócio atual, mas também precisa inovar. A maioria das grandes empresas pende demais para o lado da burocracia, deixando a inovação em segundo ou até em terceiro plano.
Assim, o desafio para inovar não é substituir a burocracia pela agilidade em todos os departamentos das empresas, mas sim encontrar um equilíbrio entre as duas.
Nas empresas tradicionais é preciso manter normas burocráticas e hierarquias onde for necessário, humanizando-as o máximo possível e, ao mesmo tempo, acrescentar uma dose saudável de agilidade onde for apropriado.
Dessa forma, encontrar esse equilíbrio pode parecer simples, mas não é porque agilidade e burocracia são como azeite e vinagre, bons juntos mas difíceis de misturar.
Lembre-se que a diferença entre o remédio e o veneno está na dose. Há uma faixa ideal de agilidade para cada empresa e para cada atividade dentro da empresa. Achar essa faixa é o grande desafio das organizações.
Por fim, compartilho com vocês quatro dos meus principais aprendizados que podem ajudar aquelas empresas tradicionais que estão pensando em adotar a agilidade na cultura e metodologias ágeis:
1- Não adianta esperar alguma resposta ou direcionamento da liderança. O time ágil terá que desbravar o próprio caminho a partir das novas descobertas que vão acontecendo durante o processo.
2- Times ágeis acreditam fortemente que o feedback do cliente (interno ou externo) é melhor do que as suposições da liderança na hora de decidir quais esforços de inovação são mais importantes.
3- As sprints não são utilizadas para que as pessoas trabalhem mais ou mais depressa. Elas são utilizadas pelos times ágeis para acelerar o feedback de clientes reais e saber o que realmente importa para eles.
4- A liderança no início pode ter medo de abrir mão do controle ou ficar acuada por não ter as respostas para os questionamentos, mas isso acontece apenas até os times irem tendo novas descobertas, as compartilhando entre si e discutindo abertamente as possibilidades.
Por Flávio Augusto, Especialista de Inovação no Brain Uberlândia.