#brainblog

A estratégia familiar como aliada na gestão de empresas familiares

Data: 29 outubro 2024 | Categoria: Estratégia

Empresas familiares são 90% das empresas brasileiras, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e com isso, representam uma parcela significativa da economia brasileira, oferecendo além de produtos e serviços, uma rica herança cultural e de valores familiares.  

A presença de uma pessoa da família na dinâmica operacional da empresa desempenha um papel crucial para a sua longevidade.  

Neste artigo, vamos conhecer alguns fatores positivos e desafiadores da interação familiar no contexto empresarial. 

Vantagens e desafios em empresas familiares

Em primeiro lugar, uma das maiores vantagens das empresas familiares é a lealdade: membros da família tendem a demonstrar um nível maior de comprometimento com a empresa e o laço emocional pode resultar em maior disposição para enfrentar os desafios.

Outra vantagem é a visão de longo prazo: muitas famílias veem suas empresas como um legado a ser transmitido às futuras gerações, o que pode levar a uma abordagem mais sustentável e estratégica em relação a empresas focadas apenas em resultados. 

E existem também alguns desafios nesta configuração empresarial e familiar, como por exemplo o conflito de interesses: essa mistura família/empresa pode gerar atritos, principalmente quando interesses pessoais conflitam com os interesses da empresa.

Para isso, é fundamental estabelecer limites claros entre a vida pessoal e a vida profissional. 

Outro grande desafio é o chamado Nepotismo, que é a contratação de familiares sem levar em conta suas qualificações, o que pode afetar a moral da equipe e a eficiência operacional e, por isso, essas decisões precisam ser baseadas em mérito, mesmo dentro do contexto familiar.  

Existe ainda outro desafio que é considerado o maior motivo da descontinuidade das empresas familiares: o planejamento de sucessão.

Dessa forma, essa transição pode ser complexa e exige, além de muita maturidade da geração antecessora, uma extensa preparação dos que irão assumir a organização.

Segundo estudo da consultoria Hõft-Bernhoeft & Teixeira, especializada em sucessões familiares,

67% dessas companhias não sobrevivem à passagem da primeira para a segunda geração e, das remanescentes, 86% não chegam à terceira. Os comandantes das empresas familiares ainda costumam olhar para seus filhos como herdeiros naturais que lhes devem obediência. Delegam a eles papéis secundários enquanto adiam o encaminhamento da sucessão. Com isso, alimentam conflitos que acabarão levando à divisão do patrimônio familiar e ao fim da empresa original (fbn.org.br)”. 

3 estratégias que garantem a perenidade da empresa familiar

1 – Comunicação aberta: ter um ambiente onde todos os membros possam expressar suas opiniões e preocupações é essencial. Para isso, ter fóruns delimitados, como um conselho de família, pode ser uma opção. 

2 – Definição de papéis claros: estabelecer funções e responsabilidades para cada membro da família ajuda a minimizar conflito. Cada um necessita entender seu papel na família, empresa e na gestão do patrimônio. 

3 – Treinamentos e desenvolvimento: investir em formação e habilidades para membros da família é crucial. Isso melhora a competência do familiar, mas também demonstra para a organização o valor da profissionalização. 

Gerações e desafios geracionais

Sou membro da 4ª geração da Família Garcia, controladora do grupo Algar, uma empresa de 94 anos, na qual atualmente temos membros da 2ª a 5ª gerações atuando em alguma esfera da governança.

Neste tempo, vivemos alguns desafios geracionais. Assim como valorizamos a integração da família nos negócios de forma estruturada, outras empresas brasileiras têm sido referência a nível de governança corporativa e familiar, promovendo uma cultura de inovação e sustentabilidade que se mantem ao longo das gerações. 

As empresas familiares enfrentam uma combinação única de oportunidades e desafios.

Assim, com uma gestão cuidadosa e estratégias adequadas, é possível transformar a dinâmica familiar em uma vantagem competitiva.

Investir em comunicação, planejamento, desenvolvimento profissional e pessoal, pode não somente melhorar a operação da empresa, mas sobretudo preservar o legado familiar para as próximas gerações.  

Por Mariella Garcia, Analista de Intraempreendedorismo no Brain

Compartilhe