#brainblog

O que vem primeiro, o ovo ou a galinha? Uma questão que poderia ser levada para o UX Design e para a Inovação.

Data: 11 março 2021 | Categoria: Inovação
imagem com homem que representa uma solução de experiência de usuário

Um breve artigo sobre a relação do design de experiência do usuário com a inovação. 

Antes de emitir qualquer opinião sobre a relação desses dois assuntos é preciso alinhar o que se entende como design e inovação. Duas palavras que estão no top of mind da maioria das pessoas, trazendo em pauta várias interpretações e opiniões sobre seus significados.

A Inovação é muito associada à ideia simplista de criar algo novo. Lê-se abaixo um significado do site “Significados”¹

“Inovar é inventar, sejam ideias, processos, ferramentas ou serviços. A ideia de inovação, no entanto, não deve ficar fadada apenas à invenção de novos produtos, serviços ou tecnologias, mas também ao valor ou conceito de determinada coisa, como o modo de organizar uma empresa, por exemplo.”

Tomando esta como uma boa definição do que é inovação, podemos agora entender o que é UX Design.

Muitos acreditam que tudo o que contenha a palavra design, se remete a algo somente estético, o que é um erro.

Quando incluímos as letras UX, que vem da abreviação do termo em inglês User Experience, ou em português a Experiência do Usuário, facilmente iremos verificar interpretações que remetem a projetos digitais, ou mesmo que é o que faz o carinha daquele site bacanudo.

Nop! Também não é isso, ou pelo menos não só isso.

Uma definição possível a partir dos ensinamentos de Don Norman, Design Thinker, Cientista Cognitivo, um dos maiores ‘gurus’ do Design atualmente e o pai do termo:

“UX Design é toda relação que uma pessoa tem com um produto ou serviço. Ouso ir além e dizer que é toda relação de uma pessoa com uma marca.”²

Agora que temos boas definições sobre estas duas palavras que rodeiam os pensamentos de muitas pessoas, cabe a pergunta:

Qual a relação entre elas? Quem veio primeiro? A Inovação ou a UX?

Se você respondeu que uma não vive sem a outra, você está correto!!!

A inovação seja em qual área for, depende de alguém “inventar” coisas, que as pessoas gostam, queiram, usam e precisam. Mesmo que às vezes, na maioria dos casos, elas nem imaginam isso.

Steve Jobs é um ótimo exemplo para esse caso! Até o IPhone surgir ninguém imaginou que hoje não viveríamos sem os smartphones. Foi a partir dele que o mercado foi revolucionado.

O que falar então do brilhante inventor britânico E. A. Johnson que criou a tecnologia touch screen para ser utilizada em um radar, sem prever as inúmeras utilidades que ela teria nos dias de hoje.

Te farei um convite, imagine o cenário que  em algum momento, já na década de 80/90, pelo menos 25 anos depois da criação do touch, alguém se virou para o seu time de projeto e fez a seguinte pergunta: Será que conseguimos facilitar o uso deste equipamento, se ao invés de termos um mouse ligado ao computador, tocarmos diretamente na tela com os dedos?

Plin!…aí está a mágica da “User Experience”.

A inovação, mesmo as vezes não sendo de forma totalmente consciente, surge da observação das experiências de pessoas, problemas, dificuldades, frustrações, da busca por alternativas e melhorias, sempre com foco nos usuários.

Pequenas “vontades”, às vezes até óbvias, como o exemplo do touch, onde mover apontando o dedo tornaria mais fácil do que usar o mouse, podem desencadear inovações gigantescas.

Mas ao contrário do que muitos acreditam, as inovações não precisam ser gigantescas. Elas estão em toda parte e surgem a todo momento, sem precisar modificar o mundo e impactar milhares de pessoas, veja o dado que é apresentado na matéria publicada no portal UOL Economia:

CNI: 83% das empresas acreditam precisar de inovação no pós-pandemia.

Soluções inovadoras serão decisivas para acelerar a retomada da atividade e do crescimento da economia no Brasil pós-pandemia do novo coronavírus, avaliam executivos ouvidos em estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) encomendado ao Instituto FSB Pesquisa. De acordo com o levantamento, 83% das empresas afirmam que vão precisar de mais inovação para crescer ou mesmo sobreviver no mundo pós-pandemia.3

Te pergunto, todas essas empresas irão inventar um novo IPhone?

Não, claro que não!

Micro e Macro inovações, que surgem da observação dos seus usuários ou do foco em melhorar a experiência para eles, independentes do tamanho e complexidade das mesmas, podem ser muito impactantes para seus clientes e principalmente para seus negócios.

Então podemos afirmar que a inovação nasce da experiência do usuário, contudo também é verdadeiro afirmar que a inovação só é inovação se contém uma experiência do usuário!

Segundo Adam Grant, autor do livro best-seller do The New York Times: “Originais, como os inconformistas mudam o mundo”, o criador do Segway (aquele veículo divertido, de duas rodas, que se auto equilibra) chamado Dean Kamen, acreditava que seu produto inovador poderia revolucionar o jeito que as pessoas se locomoviam, como mostra esta frase retirado livro:

“O Segway era a tecnologia mais extraordinária que Kamen já tinha criado, e ele previu que seria“para o carro o que o carro foi para o cavalo e a charrete”.4

Steve Jobs também acreditou nisso e investiu nesse projeto. Eram  duas das mentes mais brilhantes do Vale do Silício, adivinha, eles erraram!

Apesar de ser realmente inovador como produto, não emplacou.

O autor do livro conta que Dean por medo de ser copiado, adiou os teste com usuário, que por vezes a alta confiança na sua criação tecnologicamente revolucionária, fez com que ele deixasse em segundo plano outros aspectos da experiência do usuário que deveriam ser analisados, como por exemplo: o preço, uso diário, entre outros.

Esta história ilustra muito bem o papel da experiência do usuário na transformação de idéias, em verdadeiras inovações.

O design como metodologia científica, traz os processos e ferramentas para a investigação, descoberta  e análise, junto aos usuários, dos reais problemas ou motivações em torno de uma necessidade ou desejo. A partir daí, elabora diversas hipóteses que serão avaliadas, melhoradas, até que se tornem fortes candidatas a ser uma inovação.

Por que digo “fortes candidatas”, porque para uma ideia se tornar uma real inovação, a experiência do usuário precisa ser ótima e vir em primeiro lugar, mas existem outras requisitos (e stakeholders) que ela precisa atender para se tornar esse super idéia revolucionária.Mas esses outros requisitos deixo para conversarmos em um próximo artigo.

Então se você realmente quiser saber quem vem antes, a UX ou a inovação, eu não saberei te responder, mas com certeza posso afirmar, onde há uma inovação, existe uma experiência de usuário memorável!

Por Bruno Galucci, UX/UI Designer na Tribo Sampa
Compartilhe
REDAÇÃO BRAIN

0 0 votos
Article Rating
Inscrever-se
Notificar de
guest

0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
0
Adoraria saber sua opinião, comente.x