Experimentação: Uma Ferramenta Indispensável da Agilidade
Há alguns anos, tenho ministrado treinamentos sobre agilidade e suas principais ferramentas, principalmente na área de experimentação.
Em todas as minhas aulas, contextualizo o surgimento do Manifesto Ágil em 2001 e o contexto histórico que tornou inevitável a consolidação das boas práticas ágeis.
As inovações tecnológicas do final do século XX exigiam criatividade e adaptabilidade, pois criar algo novo exige inovar na forma de fazer.
E em todos os marcos importantes há uma característica implacável: a experimentação
Seja na etapa de Desenvolvimento e Validação do Modelo Espiral de Barry Boehm, publicado em 1986, seja na Refatoração do Programming XP criado por Kent Beck 10 anos depois, ou na filosofia “lean thinking” (redução do desperdício) do Scrum, a ferramenta ágil mais popular atualmente.
Assim, não importa o método leve criado antes do Manifesto, a experimentação sempre esteve presente.
E como o Manifesto ágil consolidou os valores e princípios compartilhados por todas as ferramentas que o antecederam, a experimentação não poderia ficar de fora dos valores prescritos nos textos do manifesto.
Vamos explorar os quatro valores e destacar a natureza da experimentação em cada um deles
Conheça alguns dos valores que são importantes para o processo de experimentação.
Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas:
Agilidade significa pessoas com autonomia e criatividade interagindo e colaborando para o desenvolvimento contínuo de valor em seus projetos.
Dessa forma, em times ágeis, a evolução vem da experimentação constante, onde entregas incrementais permitem aperfeiçoamento contínuo. As interações resultam em inspeção e adaptabilidade, características essenciais da experimentação e da agilidade.
Software em funcionamento mais que documentação abrangente:
A experimentação foca no desenvolvimento sustentável de um projeto, e a prototipagem é uma excelente ferramenta para sua aplicação.
Por isso, testar hipóteses permite reduzir o trabalho desnecessário, enquanto o feedback do cliente ao interagir com um protótipo torna a adaptação das soluções ainda mais precisa. Já dizia Einstein: “faça as coisas o mais simples que você puder, porém não se restrinja às mais simples”.
Com a experimentação, podemos ser simples sem nos restringirmos à simplicidade.
Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos:
A principal prioridade na agilidade é satisfazer o cliente e usar as entregas contínuas como principal característica para que isso ocorra.
A experimentação é o caminho mais rápido e eficaz para entender as necessidades e validar hipóteses por meio de testes e pesquisas, pois coloca o cliente no centro de tudo, adaptando soluções conforme suas demandas específicas e seus feedbacks.
Responder a mudanças mais que seguir um plano:
A adaptabilidade é vista por muitos como a essência da agilidade. Adaptar-se ao mundo caótico de hoje, repleto de mudanças e incertezas, é um desafio que pode ser superado com a experimentação.
O objetivo de um experimento é validar ou refutar uma hipótese, permitindo ajustar planos com base nos aprendizados e resultados obtidos ao longo do processo, evitando desperdícios e otimizando recursos
Conclusão:
Deu para perceber como a experimentação é fundamental em ambientes ágeis?
Exemplos disso são os ciclos de aprendizados e aprimoramentos contínuos, os feedbacks recebidos pelos clientes e as validações de hipóteses que adequam as entregas incrementais às reais necessidades.
Assim, tudo isso torna impossível dissociar a experimentação como uma ferramenta ágil, na verdade, a torna imprescindível na implementação e evolução da agilidade em qualquer setor.
Se pretendemos inovar, passamos a valorizar experimentação mais que temer o erro!
