Se você gosta de esportes e é curioso, além de se fascinar com o Curling nas olimpíadas de inverno, muito provavelmente já deve ter visto algum jogo de rugby, aquele esporte “animalesco jogado por cavaleiros e cavaleiras”.
Além da ferocidade do esporte, também saltam aos olhos a união e aliança entre os atletas dos times, características essas que inspiraram Ken Schwaber e Jeff Sutherland, que batizaram o framework por eles criado com o nome de uma jogada do rugby que reúne todas essas características, o Scrum.
Scrum no rugby, em suma, é mais ou menos como a bola ao alto no basquete, é um reinício de uma jogada em que o time que fizer mais esforço tem a posse da bola ovalada, e bota esforço nisso! Oito brutamontes de um time se juntam para empurrar mais oito “guarda-roupas” de outra equipe com um único objetivo: se manter em vantagem!
Na prática corporativa, essa analogia é menos alegórica. Não se vê nos escritórios pessoas engravatadas se empurrando para entregar um projeto, bom, pelo menos não no Brain! Porém, não foge muito do espírito esportivo que a precede.
Quem é agilista já está acostumado a aplicar a ferramenta Scrum seguindo os preceitos do Guia Scrum. Nele, nos é apresentado os elementos e suas definições e conseguimos aplicar uma métrica que permite solucionarmos problemas complexos de uma forma criativa e adaptativa.
Criado em 2010 para auxiliar no entendimento mais amplo e democrático do Scrum, o guia se transforma com o tempo, evoluindo conceitos e elementos sempre de mãos dadas com a aplicação e a boa prática compartilhada pela comunidade, deixando a tática do jogo mais cristalina.
No contexto de time, tivemos evoluções que aproximaram ainda mais o espírito esportivo do corporativo. Em 2011, na primeira alteração do guia, ficou evidente a responsabilização pela entrega de um projeto ser agora da equipe de desenvolvimento, não abrindo espaço para protagonismos individuais.
Essa alteração fortaleceu o conceito de time na ferramenta, mesmo que esse time fosse somente aqueles que desenvolviam as soluções. Para ilustrar melhor, no Scrum tínhamos dois conceitos de time. O primeiro sendo o Time Scrum, em que estavam inseridos o Product Owner (Dono do Produto), Scrum Master e o Time de Desenvolvimento. O segundo seria apenas o Time de Desenvolvimento, a equipe encarregada de desenvolver a solução. Era um time dentro de outro!
Já em 2016 entrou em campo uma novidade preciosa, os Valores do Scrum: compromisso em sempre atingir seus objetivos, o foco na sprint (ou jogo), a abertura aos desafios, o respeito entre os membros da equipe e a coragem de fazer a coisa certa e enfrentar as dificuldades.
Assim como se espera de um atleta profissional, os valores aprimoraram o conceito de time no Scrum que, além da necessidade de serem habilidosos para trabalharem em conjunto, devem respeitar preceitos que os capacitem. Assim como no rugby, não se pode ser um cavaleiro e cavaleiro sem valores que os precedem.
Então, após 6 anos de Guia Scrum, já tínhamos prescrições que fortaleceram o conceito de time. E esse conceito, mantido no guia de 2017 sem alterações relevantes, foi representativo porque foi duradouro e esteve vigente no “boom” agilista que tivemos no mercado nacional nesses últimos anos, sendo que muitos foram introduzidos ao Scum e doutrinados por estes conceitos de time.
Aprendemos que o time Scrum era composto por três papéis diferentes com funções bem estabelecidas. O Dono do Produto sendo o responsável pelo backlog do produto e o único que pode dar feedback às entregas. O Scrum Master sendo o dono e fiscal do método e o Time de Desenvolvimento é aquela turma que coloca a mão na massa e transforma o Backlog em produto! Cada um no seu canto, mesmo formando um time.
Eram até comuns as confusões entre os papéis e responsabilizações do Time Scrum como um todo e do Time de desenvolvimento como agentes ativos na transformação da solução. Como se fosse um time scrum sem todos se empurrando, mesmo a vantagem sendo importante para todos.
Mesmo com as confusões, o jogo para muitos seguiu de uma forma diferente! Não fazia mais sentido um Dono do Produto que só aparecia no planejamento e na revisão de uma sprint, ou de um Scrum Master que não se envolvia e se comprometia com as atividades do projeto. O dia a dia mostrou que todos arriscam a própria pele.
E motivado por essa boa prática, o Scrum se provou também adaptativo em suas prescrições e a última atualização do guia, lançada em novembro do último ano, veio corroborar o que se via nos escritórios e nos brindou com uma agradável surpresa no quesito Time: a sua unificação!
Agora, o Time Scrum é “a unidade fundamental do Scrum (…), um pequeno time de pessoas” que consiste em um Dono do Produto, um Scrum Master e seus Desenvolvedores, “não há sub-times ou hierarquias. É uma unidade coesa de profissionais focados em um objetivo de cada vez”.
Aquela responsabilidade de transformar uma ideia em solução é de todo o time! Todos, inequivocamente, se empurram para uma vantagem universal!
PO, Scrum Master e Desenvolvedores, formem as linhas para mantermos esse Scrum com força, determinação e, agora, unidade!
“Try at goal”!
Excelente artigo Visiba!!! Muito bom o texto!