Poucos assuntos são tão sinônimos de inovação quanto robótica. Os robôs estão presentes em praticamente todas as áreas tecnológicas, na fabricação de quase todos os eletrodomésticos que utilizamos. Mas o que você talvez não saiba é que a relação entre uma arte milenar e a tecnologia está ajudando a construir robôs: o origami na engenharia.
A inovação ligada aos origamis vai além de novas dobraduras e novos padrões cada vez mais complexos e impressionantes. Isto porque o desenvolvimento de robôs inspirados em origamis traz soluções inovadoras e, muitas vezes, inesperadas. Mas como usar o origami na engenharia?
Primeiro, vamos falar um pouco sobre os origamis. A palavra vem do japonês e significa basicamente dobrar papel. Assim, a arte dos origamis, falando de forma muito simplificada, consiste em transformar uma folha de papel de duas dimensões em uma estrutura tridimensional. Isto, sem cortar ou colar o papel, apenas dobrando-o.
Lembrando que robôs são dispositivos tridimensionais, qual a relação entre eles e os origamis? Ao aproveitar os conceitos utilizados na dobradura do papel, é possível desenvolver robôs com algumas das características marcantes dos origamis. Dessa forma, pode-se resolver problemas complexos de engenharia. Parece bom demais para ser verdade? Talvez, mas já está virando realidade nas áreas médica e aeroespacial, entre outras.
Robôs origamis podem ser reconfiguráveis, flexíveis, compactos e multifuncionais. Assim, um robô que se dobra pode ser armazenado em um formato reduzido e quando necessário se expandir. E para que serve isso? Por exemplo, colocar vários painéis solares em uma espaçonave de forma compacta, e ao chegar em órbita expandi-los, cobrindo uma área considerável. Veja um exemplo desenvolvido por pesquisadores da Brigham Young University:
No entanto, as aplicações vão muito além de armazenamento reduzido e expansão. Aproveitando a característica das dobras dos origamis, a miniaturização de robôs é facilitada pela possibilidade de fabricar pequenos robôs. Isto, a partir de uma única chapa, sem a necessidade de montagem de muitas peças. Portanto, as possibilidades são quase infinitas.
Depois de mostrar que origami, robótica e inovação tem tudo a ver, é interessante entender como isso é possível. Assim, é possível dividir essa inovação em duas partes: o conhecimento sobre o funcionamento dos origamis e a aplicação das propriedades do origami na engenharia.
Vamos fazer um exercício? Primeiro, pegue uma folha de papel de faça uma dobra simples como nesse exemplo:
Você consegue imaginar quantas e quais relações matemáticas estão presentes apenas nessa dobra simples? Pesquisadores começaram a estudar essa matemática para entender diversas relações. Dessa forma, entre elas, os ângulos das dobras e a posição dos vértices, que podem ficar para cima ou para baixo (os chamados de vales e montes).
Agora, voltando para o papel dobrado, você consegue imaginar como um dispositivo tridimensional é inspirado em origamis?
Nesse exemplo, um simples mecanismo com quatro partes, e que segue as características das dobras do papel, consegue replicar as propriedades do papel dobrado. A seguir, consegue imaginar uma estrutura com centenas de peças e propriedades semelhantes? Como você pode notar, a capacidade de desenvolvimento do origami na engenharia é fantástica!
Depois de uma breve aula sobre origamis e robôs inspirados em origamis, foi possível entender que:
Portanto, muitas vezes, inovação é a capacidade de aplicar uma tecnologia ou conhecimento já existente em uma área que ninguém nunca pensou antes. Nesse sentido, a aplicação do origami na engenharia mostra como podemos aproveitar conceitos já existentes para inovar! Se você gostou desse artigo, clique aqui e fique por dentro das tendências tecnológicas para 2022!
Artigo escrito por Rodrigo Barreto, Engenheiro de Soluções no Brain.