O mundo dos negócios está em constante transformação. Empresas que desejam se manter competitivas precisam inovar continuamente e isso não pode depender apenas de grandes rupturas externas. O intraempreendedorismo, ou seja, o empreendedorismo dentro das organizações, é uma abordagem poderosa para criar novas oportunidades, produtos e serviços a partir de dentro. E mais do que incentivar ações pontuais, é fundamental construir uma cultura intraempreendedora capaz de sustentar a inovação no longo prazo.
Muitas empresas já tentaram iniciativas de intraempreendedorismo, como hackathons ou tempo alocado para inovação, mas frequentemente essas ações são superficiais e desconectadas da estratégia do negócio. Para que o intraempreendedorismo realmente gere valor, ele precisa ser uma cultura enraizada na organização, não apenas um evento isolado.
Com base nas melhores práticas do mercado e em insights de especialistas, este artigo apresenta cinco pilares essenciais para desenvolver uma cultura intraempreendedora sustentável dentro das organizações.
O intraempreendedorismo só prospera quando há um propósito claro e inspirador. Os colaboradores precisam enxergar um objetivo maior, entender o impacto do que fazem e sentir-se parte de algo significativo. Uma visão inspiradora deve responder a três perguntas fundamentais:
Um exemplo notável é o da Natura, que sempre teve um forte compromisso com sustentabilidade e inovação. Quando percebeu que a demanda por produtos ecológicos crescia, a empresa criou a linha Ekos, inspirada em ingredientes da biodiversidade amazônica. Essa iniciativa nasceu de colaboradores que identificaram a oportunidade de unir inovação, impacto ambiental positivo e diferenciação no mercado.
Outro caso interessante é o da Spotify, que, ao notar que os algoritmos existentes não estavam engajando os usuários como esperado, criou internamente o Discover Weekly, uma playlist personalizada gerada automaticamente. O projeto começou como uma iniciativa de um pequeno grupo de funcionários e, hoje, é um dos recursos mais apreciados da plataforma.
Líderes devem ser os primeiros a adotar um mindset intraempreendedor. Isso significa:
Na Airbnb, Brian Chesky e sua equipe perceberam que muitos usuários tinham dificuldade em criar anúncios atraentes para suas acomodações. Em vez de delegar essa tarefa a uma equipe de marketing, eles mesmos saíram às ruas e ajudaram os anfitriões a melhorar suas fotos e descrições. Esse comportamento inovador e próximo do cliente ajudou a empresa a criar novas ferramentas para melhorar a experiência dos usuários.
Outro exemplo vem da LEGO, que passou por um período de declínio até começar a ouvir mais seus clientes e funcionários. Foi assim que surgiram produtos como LEGO Ideas, um programa em que fãs da marca podem sugerir novos conjuntos. Essa estratégia não apenas aumentou o engajamento dos clientes, mas também criou uma plataforma para inovação contínua dentro da empresa.
A inovação muitas vezes é sufocada por processos burocráticos, aprovação excessiva e hierarquias rígidas. Para estimular o intraempreendedorismo, as empresas devem:
A Heineken, por exemplo, identificou que precisava ser mais ágil na criação de novos produtos. Para isso, criou o The Heineken Innovators Brewhouse, um espaço onde funcionários podem testar e lançar novas bebidas em pequenos lotes, sem precisar passar por processos longos de aprovação. Isso permitiu que a empresa experimentasse novos sabores e conceitos rapidamente, atendendo melhor às preferências dos consumidores.
Outro exemplo é a Netflix, que reduziu drasticamente suas burocracias internas para dar mais autonomia aos funcionários. Com uma política de “liberdade e responsabilidade”, a empresa permite que suas equipes tomem decisões sem precisar de múltiplos níveis de aprovação, acelerando o desenvolvimento de novos conteúdos e funcionalidades.
Para que a inovação aconteça, não basta apenas inspirar os colaboradores – é preciso fornecer os recursos necessários. Isso pode ser feito por meio de:
A Ambev, por exemplo, criou o programa Aceleradora 100+, que incentiva funcionários e startups parceiras a desenvolverem soluções sustentáveis para a indústria de bebidas. A iniciativa oferece recursos financeiros e mentorias, permitindo que boas ideias se transformem em produtos e processos inovadores.
Outro caso interessante é o da Mercedes-Benz, que implementou o Lab1886, um ambiente de inovação interna onde equipes podem trabalhar em novos conceitos de mobilidade. Projetos como o carro autônomo da marca começaram dentro desse laboratório, mostrando como uma estrutura dedicada pode impulsionar a inovação de forma significativa.
Muitos funcionários não se arriscam a inovar por medo de falhar ou por não verem incentivos suficientes. Para reverter isso, as empresas devem:
A Magazine Luiza adotou um modelo que valoriza a inovação ao integrar suas equipes de tecnologia e varejo, permitindo que novas ideias sejam testadas rapidamente. O LuizaLabs, laboratório de inovação da empresa, incentiva os funcionários a experimentarem novas soluções sem medo de errar.
Outro exemplo é o da Unilever, que criou um programa de intraempreendedorismo chamado Foundry, permitindo que colaboradores trabalhem com startups para desenvolver novas soluções para o mercado. Isso proporciona um ambiente seguro para testar novas ideias e, ao mesmo tempo, reforça a cultura de inovação dentro da empresa.
Desenvolver uma cultura intraempreendedora não é um evento isolado – é um processo contínuo. Empresas que desejam se tornar verdadeiramente inovadoras precisam criar um ambiente onde os colaboradores sintam-se seguros para experimentar, tenham acesso a recursos e enxerguem valor em suas iniciativas.
Os cinco pilares apresentados aqui – visão inspiradora, liderança modeladora, redução da burocracia, plataforma para oportunidades e segurança para inovar – são essenciais para transformar qualquer organização em um celeiro de inovação.
As empresas que adotam essa mentalidade não apenas se tornam mais competitivas, mas também constroem um ambiente de trabalho mais engajador e dinâmico. Afinal, quando os funcionários têm autonomia para criar e inovar, todos saem ganhando.
Se sua empresa quer impulsionar o intraempreendedorismo e transformar a inovação em um diferencial estratégico, comece agora a implementar esses pilares e veja a diferença que isso pode fazer. Fale com o Brain!
Flávio Oliveira é especialista em inovação pelo Brain.