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Judô e Agilidade Organizacional: um paralelo entre princípios de harmonia e eficiência

Data: 03 janeiro 2025 | Categoria: ESGPessoas
imagem do brainer Alexandre Campos em seu artigo sobre agilidade organizacional

No cenário corporativo atual, a agilidade organizacional tornou-se um imperativo para enfrentar a constante evolução do mercado, impulsionada por mudanças tecnológicas e demandas dos clientes.

Curiosamente, muitos dos princípios que sustentam a agilidade encontram paralelos em uma importante e tradicional arte marcial japonesa: o judô.

Desenvolvido por Jigoro Kano no final do século XIX, o judô é fundamentado em três princípios-chave:

1. Seiryoku Zen’Yo (uso eficiente de energia),

2. Jita Kyoei (prosperidade mútua) e

3. Ju (flexibilidade ou adaptabilidade).

Esses princípios, quando aplicados ao contexto empresarial, espelham valores fundamentais da agilidade organizacional, que busca uma cultura adaptativa, colaborativa, eficiente e com muita entrega de valor.

Seiryoku Zen’Yo e a Eficiência na Agilidade

O princípio de Seiryoku Zen’Yo, que significa “uso eficiente da energia”, prega a otimização de esforços para alcançar o maior resultado possível com o menor gasto de energia.

No judô, isso se traduz na habilidade de utilizar a força do oponente ao seu favor, maximizando a eficiência nas técnicas aplicadas.

Na agilidade organizacional, o conceito de eficiência está intrinsecamente ligado a práticas que eliminam desperdícios, simplificam processos e otimizam recursos.

Frameworks ágeis, como o Scrum e Kanban, encorajam a entrega de valor contínuo com foco nas necessidades do cliente, buscando sempre o menor esforço para atingir o melhor resultado.

A prática de Seiryoku Zen’Yo se reflete, por exemplo, no Lean Thinking, onde a eliminação de desperdícios (como o retrabalho, gargalos e burocracias) permite às organizações maximizar sua produção com recursos limitados.

Assim como no judô, onde o praticante precisa utilizar sua energia de forma sábia, na agilidade as empresas precisam canalizar seus esforços para onde eles trazem maior valor.

Jita Kyoei e a Colaboração em Equipes Ágeis

O princípio de Jita Kyoei pode ser traduzido como “prosperidade mútua” ou “bem-estar para si e para os outros”. Kano acreditava que o progresso no judô deveria ser

compartilhado, promovendo o benefício mútuo entre os praticantes e, por extensão, para a sociedade como um todo.

Na agilidade organizacional, a colaboração é um dos pilares centrais. O trabalho em equipes multidisciplinares e auto-organizadas favorece a troca de conhecimentos, o suporte mútuo e o crescimento coletivo.

Valores como coragem, abertura e respeito, promovidos pelo Manifesto Ágil, estão diretamente alinhados com a ideia de Jita Kyoei, onde o sucesso de um indivíduo (ou de uma equipe) está interligado ao sucesso do coletivo.

Em uma organização ágil, a colaboração não só melhora a produtividade, mas também cria um ambiente de confiança, onde a prosperidade mútua é alcançada pelo trabalho conjunto e pela valorização de cada membro da equipe.

Ju e a Flexibilidade Diante das Mudanças

O princípio de Ju, que significa “flexibilidade” ou “suavidade”, ensina que a adaptabilidade é essencial para o sucesso no judô. Ao invés de resistir à força do oponente, o judoca se ajusta, fluindo com o movimento para ganhar vantagem.

Esse princípio encontra seu equivalente na agilidade organizacional, onde a capacidade de adaptação e resposta rápida às mudanças é crucial.

O Manifesto Ágil valoriza a resposta à mudança em detrimento de seguir um plano rígido.

Empresas ágeis são estruturadas para serem flexíveis, ajustando-se às necessidades do mercado, dos clientes e das inovações tecnológicas.

Tal flexibilidade exige não apenas ferramentas adequadas, mas também uma mentalidade aberta à mudança e à experimentação.

Assim como no judô, a resistência à mudança pode ser fatal em um ambiente corporativo volátil, ao passo que a capacidade de se adaptar pode ser a chave para o sucesso de longo prazo.

Conclusão

O judô, com seus princípios de eficiência, colaboração e adaptabilidade, oferece lições valiosas para o mundo da agilidade organizacional.

O Seiryoku Zen’Yo nos ensina a otimizar esforços e recursos; o Jita Kyoei nos lembra que o sucesso é melhor alcançado em colaboração com os outros; e o Ju destaca a importância da flexibilidade diante das adversidades.

Ao aplicar esses princípios em um contexto de negócios, as organizações podem criar culturas ágeis que não apenas prosperam em ambientes de mudança rápida, mas também promovem o bem-estar e o crescimento de todos os envolvidos no processo.

Assim como no tatame, onde o judoca deve equilibrar força, técnica, habilidade e inteligência, nas empresas ágeis o sucesso é obtido pela harmonização de eficiência, colaboração e adaptabilidade.

Ambos os mundos mostram que, ao invés de resistência, a verdadeira força está em saber quando ceder, quando colaborar e, acima de tudo, como maximizar o impacto de nossos esforços.

Sayonara!

Por Alexandre Campos, Head de Cultura de Inovação, Solutions e P&D no Brain 

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